segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Comida de rua

 
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Comer na rua em Bangkok é a regra. Ao contrário do Brasil, onde praticamente só temos cachorro quente e pipoca, em Bangkok, a qualquer hora e em qualquer lugar você acha várias opções.

Generalizando, mas com justiça, invariavelmente o ambiente é sujo. Caso a vigilância sanitária do Brasil fizesse uma inspeção, a cidade seria interditada definitivamente.

Vou ilustrar com uma historinha: é noite, você faz a sua escolha pelo aroma que vem de uma barraquinha. A tiazinha interpreta os seus dedos que estão apontando para um determinado ingrediente. Com uma das mãos segura a faca e começa a cortar um pedaço de carne de porco já assado, com a outra, a mesma que ela lavou pela ultima vez hoje pela manhã, antes de ir ao mercado de frescos e, antes mesmo que o sol pensasse em aparecer.

Você se senta em uma mesa de plástico ou metal, dessas de boteco, a rua fede a lixo, às vezes a peixe, outras a lixo e peixe.. Ela serve a comida e você pensa: Onde diabos ela lavou os talheres e pratos? ... Ela lavou os talheres e pratos?

Não com tanta frequência bacias cheias com louças, água e sabão são vistas no chão, bom, já é alguma coisa.

Experimentar pés de galinha é uma coisa, alimentar-se é outra bem diferente. OK, isso não é de todo exótico para os brasileiros, mas também não é usual. E tampouco é ruim.

A comida de rua em Bangkok é sempre muito fresca. Apesar da aparenência dos estabelecimentos - se é que podemos usar o termo - não comi nada de ruim, com excessão de um espetinho de rabo de galinha. Na verdade, na maioria das vezes, é melhor que muito restaurante que tenho experimentado no Brasil.

Uma grande vantagem é o preço: Uma refeição completa sai por ฿ 30 mais ou menos R$ 1,80. Arrisque a sorte se encontrar algo por esse preço em Curitiba.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Tuc Tuc



Tuc Tuc é um meio de transporte interessante. Há infinitos deles nas ruas, correm e surgem por todos os lados, nas rodovias e nas vielas - e nas calçadas. Para os tailandêses é uma alternativa prática e barata, além de transportar pessoas, já os vi lotados de frutas, lixo, cestos e até outro tuc tuc.
Seriam muito úteis para os turistas se não houvesse uma rede de pilantras por trás. Pelo que percebi são três as funções da máfia do tuc tuc:

O bacanão: Sujeito amigavel que fica parado no mundo esperando para ajudar um turista desavisado com informações preciosas; sua função é angariar turistas para os tuc tuc.
Primeiramente eles vem com sorrisos e perguntas de onde você é ( ah Brazil, football, Ronaldinhio, Pelé ), há quanto tempo você está em Bangkok (nesta ele escolhe a mentira que vai contar, baseado na sua experiência). O próximo passo é a mentira. As mais comuns são:
A maravilhosa sorte que você tem de chegar em Bangkok exatamente no único dia do ano em que o Templo do Buda Fulano de Tal está aberto para visitação e que o próprio Rei  ordenou que neste dia especial da sua chegada - e isso foi noticiado amplamente em jornais e televisões - que os Tuc Tuc só poderiam cobrar ฿ 10 em qualquer viagem ao dito templo.
Outra mentira é dizer que determinado templo que você está indo só pode ser visitados pelos tailandeses, mas não se aborreça, pois ele tem acesso a um outro templo maravilhoso e pode arranjar um tuc tuc que pode te levar por uma miséria.
Na primeira você perde meio dia, na segunda você perde de visitar um lugar maravilhoso.

O motorista do tuc tuc: Que age sozinho ou em parceria com um bacanão. Ele aborda você perguntando onde você vai ou com as mesmas histórias contadas acima, oferece o tranporte por um bom preço. Todo simpático vai dirigindo audaciosamente e conversando. De repente você está dentro de uma loja ou agencia de turismo. Aí você volta para o tuc tuc, ele roda mais um pouco e dá um jeito de largar você no meio do nada.

A loja: Estabelecimento que fornece vale combustivel para os tuc tuc que trazem clientes, querendo esses ou não, para a loja. Alguns exemplos são as agencias de ''informação'' turisticas, lojas de tecidos e joalherias tão autênticas quanto as piores de Ciudad del Leste.

Resumindo: todos eles são uns grandessíssimos filhos da....

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A primeira vez que fui enganado na Tailândia

Devido à correria do dia anterior, não consegui me comunicar com a família para dizer que estava vivo, etc.. Usei o primeiro telefone que encontrei. Parecia mais um computador e um anúncio comercial que dizia em tailandês - não tenho bem certeza - ''Venha aqui idiota e coloque seu cartão de crédito''. Assim que coloquei o cartão é que fui informado do preço mínimo ( ฿ 100,00 ). Até aí tudo bem, mas liguei para minha esposa, ela não atendeu mas o contador não parava 100, 200,... desliguei e liguei para minha mãe, ela antendeu 300, falei rapidinho, 400... tchau.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Madrid - Bangkok

Na porta do avião uma mulher da companhia aérea me esperava.
- Bangkok?
- Yes.
- Follow me....
E saiu correndo. Após onze horas sentado, com as costas e as pernas travadas, creio que eu parecesse o corcunda de Notre Dame correndo atrás da desvairada que não parava nem nas escadas rolantes.

Dez minutos depois eu estava no avião para mais umas dez horas sentado até Bangkok.

A Partida

Certa vez li em algum livro sobre navegadores que o maior perigo de uma viagem é não partir. Imediatamente concordei, pois já havia planejado inúmeras grandes e pequenas viagens e quase nada realizado. Por esse motivo e pela razão óbvia de estar me afastanto de todo mundo que amo, as semanas antes de partir foram bastante estressantes.

Não vou descrever aqui os meus choros e saudades, para não aborrecer ninguém, porém é importante que saibam que o sofrimento é inerente a qualquer viagem de longa duração,  e portanto, este parágrafo está aqui apenas para demonstrar o meu estado de espírito quando partia de Curitiba.

Vamos passar às desventuras:
Como eu mesmo sabia meses atrás, era muito provavel que eu perdesse o  vôo entre São Paulo e Londres, pois o intervalo teórico entre minha chegada em São Paulo e a decolagem do avião era de apenas três horas. Para a surpresa de ninguém, o avião atrasou em Curitiba e,  naturalmente, perdi o vôo.

Briga com a companhia, compra de passagem com outra, taxi, hotel, muitas horas a mais em Guarulhos, prejuizos aparte, no outro dia estava voando para Madrid.

Aprazível como sempre, meu acento veio premiado com dois bonus: o vizinho da direita, um espanhol cujo o bafo me deixou com saudades do meu cachorro de 12 anos, e na poltrona da frente um italiano, que quando estava parado fedia horrores, resolveu se alongar e exercitar-se rotacionando os braços; lembrei-me da expressão ''Jogar merda no ventilador'', mesmo que não tenha o sentido correto, não deixava de ser apropriada. Não durmo em avião, portanto acho que tive a felicidade de desmaiar.

No meio da noite acordei e fui tentar me encaixar no banheiro. Retornei sonolento para o meu lugar tentando não tropeçar em nada, retirei a almofada do banco e me apoiei no encosto que começou a tossir.
Meu Deus! O italiano! Então apoiei com mais força para não sentar no colo do empestiado e senti o peito dele afundar. Pedi desculpas e deixei ele tossindo enquanto eu me escondia no banco de trás.