segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A Partida

Certa vez li em algum livro sobre navegadores que o maior perigo de uma viagem é não partir. Imediatamente concordei, pois já havia planejado inúmeras grandes e pequenas viagens e quase nada realizado. Por esse motivo e pela razão óbvia de estar me afastanto de todo mundo que amo, as semanas antes de partir foram bastante estressantes.

Não vou descrever aqui os meus choros e saudades, para não aborrecer ninguém, porém é importante que saibam que o sofrimento é inerente a qualquer viagem de longa duração,  e portanto, este parágrafo está aqui apenas para demonstrar o meu estado de espírito quando partia de Curitiba.

Vamos passar às desventuras:
Como eu mesmo sabia meses atrás, era muito provavel que eu perdesse o  vôo entre São Paulo e Londres, pois o intervalo teórico entre minha chegada em São Paulo e a decolagem do avião era de apenas três horas. Para a surpresa de ninguém, o avião atrasou em Curitiba e,  naturalmente, perdi o vôo.

Briga com a companhia, compra de passagem com outra, taxi, hotel, muitas horas a mais em Guarulhos, prejuizos aparte, no outro dia estava voando para Madrid.

Aprazível como sempre, meu acento veio premiado com dois bonus: o vizinho da direita, um espanhol cujo o bafo me deixou com saudades do meu cachorro de 12 anos, e na poltrona da frente um italiano, que quando estava parado fedia horrores, resolveu se alongar e exercitar-se rotacionando os braços; lembrei-me da expressão ''Jogar merda no ventilador'', mesmo que não tenha o sentido correto, não deixava de ser apropriada. Não durmo em avião, portanto acho que tive a felicidade de desmaiar.

No meio da noite acordei e fui tentar me encaixar no banheiro. Retornei sonolento para o meu lugar tentando não tropeçar em nada, retirei a almofada do banco e me apoiei no encosto que começou a tossir.
Meu Deus! O italiano! Então apoiei com mais força para não sentar no colo do empestiado e senti o peito dele afundar. Pedi desculpas e deixei ele tossindo enquanto eu me escondia no banco de trás.

2 comentários:

  1. Alysson

    Ainda bem que o italiano estava dormindo "nos braços de Morfeu", caso contrário, com certeza vc levaria uns sopapos. Mas a cena heim!!! rsrsrsr
    bjs
    Tia Lucia

    ResponderExcluir
  2. Você esqueceu de mencionar que graças a sua eficiente esposa que conseguiu encontrar um hotel bom, barato, próximo ao aeroporto de SP, e à meia noite, você não teve que dormir naqueles confortáveis bancos do aeroporto. heheh. bjs

    ResponderExcluir